sábado, 25 de janeiro de 2014

Seja bem vindo, papa Francisco


Nesse oceano de intolerâncias que são as redes sociais, muito mais para redes antissociais, um modismo tem crescido bastante, que são os protestos pelos gastos públicos suportados pelos cofres nacionais, sejam federais, estaduais ou municipais, com a visita prolongada e a boa estadia do hermano Papa Francisco, a propósito de abrigar o Brasil a JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE. Certamente a juventude católica, que veio dos quatro cantos do globo, que singrou os sete mares, e que vem ao Brasil para celebrar o catolicismo, mas fundamentalmente celebrar algo que nos está em falta, a paz, portanto, aberta a todas as juventudes, de todas as idades.
O Papa Francisco, o mais bonachão, simpático e sorridentes dos pontífices, virá e desfilará em carro aberto. Distribuirá bênçãos a católicos, evangélicos, judeus, ateus e agnósticos. Virá falar não sobre política, não sobre economia, mas virá para juntá-las na única e possível acepção de uma ou de outra, o Amor. 
Em horas como essa, um senhor sorridente e simplíssimo, um senhor de branco e de cabelos brancos acenará à multidão, recomendando não oremos ou rezemos ou peçamos, mas que amemos. Amar ao próximo é a mais árdua lição do cristianismo e excelentes cristãos tem notáveis dificuldades para pura e simplesmente amar ao próximo, aproximar-se da gentileza e do perdão, colocar-se à beira de um lago em que se possa mirar o outro como a si mesmo; que possa e se permita, enfim, sentir a dor do outro.
Esse Bom Francisco que nos vem visitar deveria ser recebido não apenas como Chefe de Estado, assim que é o Chefe do Vaticano, estado independente; deveria ser recebido como Chefe de Nada, mas como aquele homem maravilhoso que cruzou um Atlântico todinho para nos ensinar a paz, para mostrar que é possível e desejável e bom viver em paz, como se fôssemos irmãos de dignidade da Criação.
Na sua bagagem, traz esse Bom Francisco a igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e traz inclusive seus respeitos à homoafetividade, já que jamais se ouviu dele que a Igreja ou esta ou aquela instituição deveria proscrever nossos irmãos e irmãs homossexuais, virá dizer que o dinheiro só tem serventia se for para colocar em torno da mesa as pessoas para comerem e beberem fraternalmente, virá para nos dizer que o Poder só tem sentido quando exercido com amor ao próximo.
O Bom Francisco não deverá perder um minuto de seus minutos com mensalões, porque são conjunturais nossos e nós, brasileiros, deveremos ou deveríamos saber como conduzir essa questão, não dirá palavras de ódio tampouco pregará a necessidade de prendermos mais e por mais tempo nossas crianças e adolescentes. Não esperemos que ele venha defender a pena de morte ou a prisão perpétua ou os trabalhos forçados para presos comuns ou políticos e será pura perda de tempo querer que ele se manifeste sobre a necessidade de endurecer nosso Código Penal.
Ele é Bom demais para essas questões terrenas e deverá se enternecer de como é lindo e deslumbrante nosso Rio de Janeiro e ir às lágrimas com a fé cega dos romeiros de Aparecida. Ele verá e jamais se esquecerá, porque terá sido ele que trouxe uma juventude mundial para dizer de um pouco mais de amor e fraternidade, compaixão e solidariedade, que tanto têm faltado aos adultos poderosos.
Uma juventude que não terá na droga seu ponto de inflexão ou temor. Uma juventude por uma frágil semana que nada temerá porque irá cantar pelo amor entre os povos, pelo imaterial, pelo incorpóreo, pelo intocável, pelo indefinível. Pelo Amor. Finalmente, uma juventude sem medo.
Ao Bom Francisco, Papa Católico, devemos isso. Quisera que todo o dinheiro público pudesse ser gasto assim, pela paz, pelo amor, pela compaixão, pela fraternidade, pela juventude eterna que faz da humanidade uma aventura transcendental.

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