sábado, 14 de dezembro de 2013

Resenha

                                                                  A relíquia

                    Teodorico Raposo conta sua vida desde o encontro de seus pais, dos quais ficou órfão. Ele é criado por sua tia, a beata e rica D. Maria Patrocínio das Neves. Adora a vida boêmia que leva, mas ao mesmo tempo não deixa de tentar agradar a tia, na esperança de ser o seu herdeiro.

Depois de uma briga com a amante, parte em uma viagem à Terra Santa, paga pela tia. Conhece o alemão Topsuis, que se torna seu amigo. No Egito, ao invés de conhecer o local, as pirâmides, as esfinges, se entrega a um romance com a inglesa Miss Mary que, no dia de sua partida, lhe presenteia com a sua camisola. Em Jerusalém, fica aborrecido com tanta religiosidade. Compra então uma cópia da coroa de espinhos de Cristo, para presentear sua tia e garantir a herança. Com medo que a tia descubra seu caso, presenteia uma mendiga com o pacote onde estava a camisola de Miss Mary.

Na volta, em um jantar, conta a todos sobre sua viagem Terra Santa. Na hora de entregar o presente à sua tia, porém, descobre o engano: no pacote, está a camisola de sua amante. Acaba escorraçado pela madrinha. Ainda tenta ganhar dinheiro vendendo as relíquias que trouxe da Jerusalém - e, depois, produz relíquias falsas. Acaba pobre novamente.

Em frente a um oratório, começa a acusar Cristo de ter trocado os pacotes e jogado ele na miséria. Um clarão ilumina o crucifixo e uma voz coeça a condená-lo por sua hipocrisia. No fim, a voz se identifica como sua própria consciência.

Teodorico reencontra então Crispim, seu amigo de colégio, que agora está rico. Este lhe dá um emprego em sua empresa, e ele logo prospera. Crispim então lhe oferece a mão de sua irmã em casamento. Pergunta a Teodorico em que igreja prefere se casar e ele, sincero, lhe fala de sua falta de religiosidade; pergunta se ele ama sua irmã e ele, mais uma vez cheio de sinceridade, confessa que não, mas que a considera "um mulherão" e será um marido fiel. Casa-se, então, e torna-se um homem honrado e rico.

Descobre depois que sua tia morrera, e a herança ficara com o padre local - que agora tinha um relacionamento com Adélia, sua primeira amante. Revoltado, pensa no erro que cometeu: nada disso teria acontecido se ele, na hora H, tivesse dito que a camisola havia sido usada por Maria Madalena.


                                              Biografia do Autor

José Maria de Eça de Queirós nasceu em Póvoa de Varzim no dia 25 de novembro de 1845 e morreu em Paris no dia 16 de agosto de 1900, foi um dos mais importantes escritores lusos. Suas mais reconhecidas obras eram ''Os Maias'' e ''O Crime do Padre Amaro'' no qual é considerado o melhor romance realista português do século xix.
 
Em 1866, Eça de Queirós terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi diretor do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Feira da Ladra (1929-1943), A imprensa (1885-1891) e Ribaltas e gambiarras (1881). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.
 
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós fez uma viagem de seis semanas ao Oriente, de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870, em companhia de D. Luís de Castro, 5º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem "Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queirós". Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o "O mistério da estrada de Sintra", em 1870, e "A relíquia", publicado em 1887. Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
 
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queirós escreveu a sua primeira novela realista, "O Crime do Padre Amaro", publicada em 1875.

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